sábado, 7 de maio de 2011

Anhangava




Depois de ouvir falar bem do tal morro do Anhangava, resolvi combinar com o pessoal de subirmos nesse sábado. Inicialmente enviei pra lista do meu grupo de pesquisa. Como a previsão do tempo indicava sol toda a vida no final da semana, o pessoal topou e ficou decidido que iríamos no sábado, saindo do centro politécnico.

Chegando o sábado, às 11h parti do centro de Colombo. Troquei de ônibus no Cabral e cheguei no centro politécnico +- às 12h15min. Já estavam lá: o Neimar, a Rafaela, o Marcos, o Luiz, o Nikolas e o Emanuel. O Johnny também já estava lá, veio do centro, onde faz cursinho e chegou um pouco antes de mim.

Saímos de lá e partimos rumo ao destino com o auxílio do GPS do Neimar q geralmente funciona, salvo casos de mudanças de sentido nas ruas recentemente. Chegando lá no IAP em Quatro Barras, registramos o pessoal que ia subir, deixamos os carros no estacionamento, iniciando nossa caminhada.

O caminho é bem sinalizado. No início há dois pontos onde com certeza muita gente se perderia caso não houvessem placas. Logo que deixamos o posto do IAP, seguimos por uma estradinha de chão e tivemos de entrar à direita para pegar a trilha, auxiliados por uma placa que indicava que o Anhangava era por ali. Mais adiante, a trilha cai em outra estradinha, na qual depois de seguirmos alguns metros devemos entrar à direita para retomar a trilha, auxiliados por outra placa de sinalização. Em outro momento, tem uma bifurcação, onde para a direita chega-se em uma cachoeira e a trilha da esquerda é a que vai para o Anhangava.

Passando esses trechos de mata mais fechada, a trilha entra em uma parte cheia de pedras de todas as formas e tamanhos e aí comeca a ficar bem divertido. Muitos pontos de escalada, e pessoal com equipamento escalando os vários paredões dessa região. Nos trechos onde apenas subimos, lugares mais tensos tinham escadinhas de metal fixadas nas rochas, para auxiliar na subida.


Esses trechos com escadas lembra bastante os paredões do Marumbi, guardadas as devidas proporções. Mais adiante, um longo paredão de inclinacão +- 45 graus, que me lembrou o pico Araçatuba, que fica +- na divisa PR-SC. Esse paredão dava pra subir de pé, alguns subiram, mas eu preferi subir utilizando também as mãos para me equilibrar melhor.

No final desse paredão encontramos um grupo de montanhistas e trocamos algumas idéias sobre parapente e asa-delta. Ele nos falou sobre os pontos de salto ali perto e de suas aventuras (e alguns acidentes) com o parapente, recomendando alguns sites/pessoas que poderiam dar aulas desse esporte aos interessados.

Um pouco depois já chegamos ao que parecia ser o pico Anhangava. Apesar de encontrarmos vestígios de uma "lata de pico" e um santuário meio destruído, olhando para frente enxergamos outro lugar que parecia ser mais alto e resolvemos ir pra lá. Tanto no primeiro quanto no segundo, a vista era muito legal, tiramos várias fotos. Pelo que vi no googleearth após chegar em casa, o segundo era o pico Anhangava de fato.



O maior problema do pico do Anhangava foi a falta da famosa latinha onde se encontra o caderno de pico e registramos nossos nomes e frases estranhas. Supostamente esse registro serviria ao IAP posteriormente para saber quem anda frequentando o morro, a quantidade de pessoas, frequência, etc. Infelizmente, tudo o que achamos foi uma rocha com um desenho "quadrado" no que seria o local onde um dia essa lata estava. Que pena! :D

A descida foi bem mais tranquila, as pernas já meio amortecidas andando "automagicamente". Só muito cuidado na descida do paredão de 45 graus. A descida fiz inteira de pé, sem precisar do auxílio dos braços, mas tinha que tomar bastante cuidado, pois quaquer embalo um pouco maior poderia acarretar em uma queda bem feia, rolando morro a baixo.

Das várias trilhas feitas nos arredores de Curitiba até hoje, essa foi a que vi o maior número de pessoas, o Anhangava é um lugar bastante frequentado. Inclusive, encontram-se muitos adeptos da "erva" por lá, um deles até pediu um fósforo ou isqueiro, mas nao tínhamos naquele momento :D

Como descemos relativamente rápido e ainda era cedo, umas 16h45min, resolvemos dar uma passadinha lá na cachoeira. Depois de uns 15min de trilha a partir da bifurcação, chegamos na dita cuja. Não é uma cachoeira muito grande, mas o lugar é bonito. O Neimar e o Nikolas aproveitaram pra andar no riozinho em frente a cachoeira, naquela água fria, coisa que eu não estava muito afim de fazer naquele momento :D

Voltamos rapidinho até o IAP, e na volta troquei de carro, pois o Luiz ia pro centro e eu e o Johnny fomos também pra pegar o busão pra Colombo no Terminal Guadalupe. Um detalhe estranho da viagem de volta foi um acidente que aconteceu antes de chegar na BR116. Estávamos em uma pista de mão dupla e na nossa frente tinha uma daquelas minivans. Na pista contrária vinha uma moto, mas não estava acontecendo nada de incomum ali até o motoqueiro invadir a pista da contramão e dar uma batida frontal na minivan. A batida foi tao forte que a minivan ficou toda amassada na frente, sua traseira levantou um pouco jogando ela pro lado. O motorista se machucou um pouco e o motoqueiro tava no chão desacordado. Por sorte havia uma casa bem em frente e o morador se encarregou de chamar a ambulância.

A subida do Anhangava me surpreendeu bastante. Apesar de ter ouvido falar bem, não tinha botado muita fé. Lá tem de tudo um pouco, pra todos os gostos, diversão garantida. Ótimo custo/benefício pra quem quer começar no montanhismo.


domingo, 6 de março de 2011

Pico Paraná - O Retorno






Dia 05/03/2011, dia de subida ao PP, nova tentativa de chegar ao topo jah que a ultima ficou no quase. Acordei as 4h da manha, tomei cafeh, terminei de ajeitar as coisas e saih de casa lah por 4h30, rumo ao ponto de onibus. O onibus saiu do centro de Colombo as 5h, chegando no terminal Guadalupe as 5h35, ainda faltavam 25min pro horario marcado entao resolvi tomar um cafeh ali no barzinho do terminal.

Segui rumo ao shopping estacao, o Emanuel jah estava lah, um pouco depois chegou o Nikolas. O Neimar chegou com "astronomicos" 5min de atraso, mas nao ligava nem se fosse 15-20min porque o kra da fazenda pico parana disse que se chegasse antes das 7h o preco era R$15, sendo que depois das 7h eh R$10. Durante a viagem, mto chuvisco e tempo feio, as vezes fazia que ia abrir o tempo causando uma falsa expectativa de sol.

Chegamos na fazenda umas 7h08, assinamos na planilha e pagamos os $ 10 da entrada. Comecamos a subir as 7h20, o tempo tava mto feio com um leve chuvisco irritante. Os pias tavam melhores preparados pro tempo, eu tava soh com minha mochila, calca, camiseta de manga comprida, boneh e bota. A primeira parte da trilha eh a mesma do Caratuva e Itapiroca, como tinha feito o Caratuva e o PP antes, nao deu mta vontade de tirar fotos no inicio. Mesmo o Emanuel e o Neimar que foram pela primeira vez nao tiraram muitas. O Nikolas tava na mesma situacao, jah tinha subido o Caratuva, embora o PP ainda nao.

Quando a trilha saiu da mata e momentaneamente entrou em area aberta, o chuvisco virou garoa mais grossa e o vento fazia as coisas ficarem pior, minha camiseta encharcou e eu estava sentindo mto frio. Colocar os bracos em frente ao peito me aliviou um pouco a sensacao de que iria congelar. O Emanuel e o Nikolas levaram casaco e o Neimar uma capa de chuva, jah aliviava bastante. Chegando na bifurcacao, trilha da esquerda Caratuva, trilha da direita PP, virar a direita! Jah no comeco da trilha tinha uma pedra de uns 3 metros de altura com grampos pra auxiliar na subida. Da outra vez que fui haviam tirado os grampos dessa pedra e o pessoal andou contornando pelo lado direito. Agora que colocaram os grampos a mata do lado direito jah tah recuperada e todos sobem pela pedra, pra que tirar os grampos neh?

A trilha que contorna o Caratuva eh bastante complicada, muito sobe e desce, terreno bastante irregular, ainda mais com a chuva. A gente chegava a atolar ateh o joelho na lama em alguns momentos, o peh atolado jah tava comum. Atravessando raizes e pedras, boa parte do tempo era necessario o auxilio dos bracos, agarrando nas raizes e arvores pra poder vencer os obstaculos. Nesse trecho mtas bicas d'agua, algumas de agua potavel outras nao, muitas delas provavelmente criadas pela chuva que normalmente nao estao tao visiveis.

Depois de passar pela bifurcacao onde para a esquerda eh o pico parana e pra direita eh o itapiroca, segue um trecho bastante estranho. A gente sai da mata e entra num trecho de arbustos que variam de nossa altura a pra baixo da cintura em tamanho. Nessa parte, tem uma area de acampamento e nesses lugares somente com vegetacao rasteira, surgem caminhos diversos onde deu trabalho pra achar por onde ir. Supostamente ali eh a area de acampamento 1 (A1). Eram duas situacoes semelhantes no mesmo tipo de cenario. Descendo essa parte a gente entrava na mata novamente para sair na base do paredao.



O paredao que tanto me deu medo da outra vez agora foi susse. Acho q a subida do Marumbi me tirou boa parte do medo de altura embora ainda tenha um pouco. Pra comecar a subir, tinha dois trechos, um em que vc fica de frente e outro que vc sobe meio do lado, com mais seguranca. Como nao lembrava do segundo, subi pela parte da frente meio que escorregando, aih cheguei num lugar onde dava pra andar. O Neimar achou a outra passagem que eu tinha esquecido e o pessoal subiu por lah. Esse era o inicio. O proximo trecho da subida do paredao tinha grampos, nao era um trecho muito grande e aih chegava em outra parte que dava pra caminhar. O ultimo trecho de subida era o maior, o que tinha mais grampos. Na outra vez que subi, esse trecho exigiu uma certa habilidade de escalada, pq faltavam alguns desses grampos. Dessa vez todos subiram com facilidade, nao teve nenhum problema e ninguem falou de desistir ali. Muito diferente da outra vez, sem os grampos, onde ficamos por um tempo pensando se continuavamos ou nao :D

Apos o paredao a gente chega num lugar cheio de pedras grandes de onde, se nao tivesse chovendo e td nublado, daria pra ter uma visao muito legal das montanhas vizinhas. Andando um pouco mais, chega-se ao A2 e a cabana de pedra. O kra da fazenda disse pra gente pegar um pedaco das coisas que alguem tinha deixado lah dentro, pra ajudar a limpar o lugar. Lah tinha umas lonas pretas e um outro negocio que parecia o material daquelas piscinas pequenas que a gente compra pra criancada em casa. Resolvemos continuar caminhando e pegar alguma coisa dali na volta.

Adiante no caminho dah pra ver o falso pico, no mesmo lugar que a gente resolveu parar e voltar da outra vez. Nao dava pra ver antes porque a gente tava no meio de uma nuvem, soh chegando perto pra ver mesmo. Ali tinha uns lugares bem peculiares, trilhas por cima de pedras, abismos. Tinha um lugar que podia ir pra direita ou passar pelo meio de uma fenda entre duas pedras. Eu o Nikolas descemos pela direita, uma trilha bem esquisita, o Emanuel veio logo depois. Tinha um chao mto fofo, e parecia mto facil de rolar montanha a baixo, diferente das trilhas de antes... De repente a trilha deu num lugar fechado e a gente resolveu voltar. O Neimar falou que a trilha realmente seguia pelo meio da fenda e entao passamos no meio da fenda entre pedras. Mais adiante outro trecho estranho, com rastros de trilhas na direita e na esquerda que nao davam em lugar nenhum e uma pedra na frente meio sem sentido. Resolvemos passar por cima da pedra pra ver onde dava, buracos enormes dos lados, tinha q tomar bastante cuidado, mas era por ali mesmo.

Passado o suposto falso pico, eis que surge um pico maior atras, que antes estava encoberto por nuvens e agora dava pra ver. Seguia mais uns trechos com grampos. "Esse", imaginamos, "deve ser o pico parana". Depois de uma paredinha com uma corrente e grampos, finalmente chegamos, eu, o Emanuel e o Nikolas. O Neimar resolveu ficar por ali por conta do cansaco e tb da necessidade de dirigir depois. Mas... chegamos mesmo? Olhando ao longe surge um pico, que por incrivel que pareca era maior que aquele em q estavamos, parcialmente encoberto por nuvens, nao em linha reta, mas um pouco mais a direita. Esse era de fato o verdadeiro pico parana, o que significava mais um pouco de chao pra andar.



Depois de um desanimo inicial, o fato de estar tao perto nos animou novamente e continuamos. Descendo um pouco dava pra ver a subida final para o pico parana e lah tinha um grande paredao. O Emanuel ateh falou "olha o paredao que tem pra subir, acho q nao rola", e eu tb pensei ali "se tiver que subir isso aih eu volto embora tb", mas no fundo eu sabia (li em algum lugar) que a parte da corrente era a ultima coisa desafiadora da trilha, entao a ela deveria dar a volta no pico, passando por cima daquele paredao. E assim foi, soh caminhando mesmo, por trechos nada regulares, claro...

Dito e feito, depois de um tempinho estavamos lah em cima, eram +- 13h. Achamos a lata com o caderno de pico, tiramos umas fotos. Aproveitei pra tirar o excesso de agua da minha camiseta encharcada, botas e meia, comer e beber alguma coisa. Nao dava pra ver absolutamente nada lah em cima, como esperado, ficou mais por conta da atividade fisica, aventura, a beleza e a esquisitisse da trilha.

As 13h20 comecamos a descida. As 13h40 chegamos onde o Neimar estava esperando e seguimos ateh a cabana de pedra, onde a gente resolveu pegar alguma coisa de lah e levar lah pra baixo. Eu e o Neimar tivemos ideia de usar as lonas pra escapar da chuva. Nos quatro levamos nossos pedacos de lona com a gente a partir daih. Fomos cobertos por lona ateh a fazenda, tirando a parte da descida do paredao onde tive que dobrar a lona e ir jogando lah pra baixo pra pegar depois, seguindo a mesma ideia do Nikolas.

Quando a gente jah achava que nao tinha ninguem mais louco pra subir naquelas condicoes, aparecem varios grupos de montanhistas indo acampar lah em cima, inclusive um dos grupos tinha 3 mulheres :D Uns perguntavam se faltava mto pra chegar no A2, outros se tinha mto chao ateh o pico parana... Eu soh de lembrar do trecho que ia do A2 ateh o pico parana jah dizia "falta um monte, mas pode ir que dah" :D

A descida acabou durando mais que o esperado e pegamos um trecho a noite. Nada que a super lanterna "made in China" nao resolvesse. Das minhas +-10 quedas, metade foi nesse trecho, e nao foi por causa da escuridao, foi por causa da falta de coordenacao motora nesse momento e da maldita valeta que empurrava os pes pro meio :D Aparentemente nenhum osso quebrado, alguns musculos torcidos, finalmente chegamos no "estacionamento" lah por 20h e deixamos as lonas lah no chao do lado da cabana. O Neimar que havia chegado um pouco antes, jah tinha tomado um banho lah, o Nikolas torceu a roupa pra tirar o excesso d'agua e eu e o Emanuel q levamos roupa reserva apenas trocamos de roupa.

Saimos da fazenda +- 20h40min. Chegando em Curitiba, o Neimar entao foi deixando o povo nos seus devidos lugares :D. Eu fiquei na sete de setembro, indo rumo ao terminal Guadalupe. Foi soh sair do carro e comecaram as sensacoes estranhas, uma evidencia clara de hipotermia, miniespasmos pelo corpo, dificuldade em andar e dobrar os dedos meio amortecidos, dor no pescoco... enfim, tava foda :D Chegando no terminal comecei a sentir uma queda de pressao, fui logo no barzinho tomar um cafeh que resolveu momentaneamente, mas logo as sensacoes voltaram. As coisas soh ficaram boas mesmo quando cheguei em casa, tomei um banho quente e depois uma sopa quente na janta. Que viagem, mas valeu a pena!